sábado, 18 de junho de 2011

Obres

N:
Meu caro vagabundo
Faça-se um favor
Veja-se moribundo!
Mundo não guarda rancor

P:
Meu amigo rico
Por maior que seja o esplendor
em tua presença, aqui fico
Por menor que seja meu valor

N:
Ó fim
Enfim
Vim
Por fim
Por mim
Pobre querubim
Por que cuidas tão bem de teu jardim?

P:
No fim
O Jardim
Faz parte de mim
Trato-o como trato a mim
E todos ficamos bem assim

N:
Tão insignificante
Tão persistente
Tão Irritante
Tão insolente

P:
Tão ignorante
(Tão agonizante)
Tão arrogante
(Tão humilhante)

N:
Vulgo eu
Que tudo tenho
Tudo que Deus me deu
Tudo que agora detenho

P:
Já tudo que possuo
Vem do suor de meu cenho
Tudo que toco, perpetuo
Beijo a tudo que obtenho

N:
Sou rei
Nobre alma
E erguerei
Com calma
Minha imagem
Imponente
Carceragem
D'uma mente.

P:
Sou ninguém
Pobre coração
De Alguém
Tão bufão
Valor zero
Apenas um mero
Humano esmero

Dinheiro compra fins,
enfins e estopins,
mas não compra dignidade,
e valiosa humanidade

Sou ninguém
Mas tudo que me é preciso
Tenho
Um alguém
Feito pra ser um indeciso
Desenho
Da sombra do tempo
Da corrente de teu olhar
Réles passatempo
Barco de papel ao mar

Tudo que é eu
É tudo que quer ser
Pena não saber
Pena temer
Fugir d'um breu

Me despreza
Me ignora
Mas ainda há alma que reza
Alma que me adora

Te garanto
Posso não ser santo
Posso não saber o quanto
Posso não saber o portanto
Mas porquanto
Sou feliz
Completo, sim
Um aprendiz
Repleto, assim