segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Incrível Dispensabilidade do Ser


Só por que você é essencial não significa que você seja insubstituível, não?



Um post para mim mesmo e muita gente.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Love Me Tender

Ali estava ela no único lugar que ela não sabia direito se deveria estar. Olhava bem para a face dele. Esperava a sua resposta. Os olhos dela não brilhavam e se perguntava o que estava acontecendo com seu corpo. Sentia como se tudo aquilo que foi planejado não estivesse certo. Alguma coisa estava errada. Ela tinha planejado errado? Onde estava o erro? O erro foi não ter errado?

Ela não encontra as respostas, talvez pela primeira ou segunda vez em sua vida. Fala em baixo, mas completamente claro, tom a palavra que ele não queria ouvir.

Entre os espantos da plateia de convidados, ela corre altar abaixo e para fora do lugar.

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Ali estava ele no único lugar que ele não sabia direito se deveria estar. Olhava pro teto e pensava, inquieto. Ela se casaria hoje, não é? Por que haviam terminado mesmo? Estranho como tudo isso parece tão distante agora. Ele gostava dela. Havia dado um pedaço dele à ela e agora estava incompleto. Soubera do casamento a poucos dias, através de uma amiga do ex-casal que eram. Havia aprendido a viver sem um pedaço seu porque havia quase-esquecido dele. Era como um deficiente que tocava sua vida.

Não aguentando mais ficar em casa, se levantou, pôs suas vestes simples e entrou em seu velho carro. Boas memórias vieram com aquele carro. Será que ele se lembra da música que aquele carro tocava quando conheceu ela? Não interessa. Provavelmente lembra, mas não interessa.

Tinha que ir pra praia. Uma praia minúscula e deserta que ninguém frequentava. Curta, mas bonita. Era lá que eles se conheceram e, sem ela sequer saber algum dia, era lá que ele ia toda vez que queria pensar na vida. Era o lugar deles e de ninguém mais.

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Encostado em seu Cadillac rosa antigo, olhava pro sol que aos poucos se escondia para deixar a prima lua se exibir no céu. Não percebeu que ela estava logo ao seu lado. Mas agora eles estavam se encarando, procurando algumas palavras que possivelmente ainda não haviam inventado. "Não ia se casar?", ele indaga. Ela ia, mas não casou. Encontrou seu erro. Sem perceberem, o carro começa a cantar.
Love me tender,
Love me sweet,
Never let me go.
You have made my life complete,
And i love you so.

Eles reconheciam a música. Ah, era aquela música! Devagar, eles se aproximam. Eles estavam completos na presença um do outro.
Love me tender,
Love me true,
All my dreams fulfilled.
For my darlin' i love you,
And i always will.


Era aquele o erro e aquele que era o plano verdadeiro dela. Como ela não podia ver? Era um sonho de tempos atrás. Nunca deu muito valor pros seus sonhos, na verdade. Achava que sonhos não eram reais por não se tratarem de algo palpável. Mal ela sabia até aquele momento que sonhos são reais, mas são feitos de tudo aquilo que ela sentia e pensava.
Love me tender,
Love me long,
Take me to your heart.
For it's there that i belong,
And we'll never part.

Estavam juntos agora. Dançavam vagorasamente e sentiam como se tivessem apenas um coração. Dois corações que haviam sido ligados por um laço que transcende o entendimento humano. Eram mais que amantes, eram amigos que nunca iam deixar de sê-los.
Love me tender,
Love me true,
All my dreams fulfilled.
For my darlin' I love you,
And i always will.
Love me tender,
Love me dear,
Tell me you are mine.
I'll be yours through all the years,
Till the end of time.

Agora a mão dela escorrega pelo peito dele até atingir seu ombro. A dele encosta em sua cintura e eles se olham nos olhos. Liam neles tudo aquilo que não lembravam sobre o tempo que passaram juntos e logo todas as lacunas na mente de ambos foram se completando.

Love me tender,
Love me true,
All my dreams fulfilled.
For my darlin' i love you,
And i always will.

Por fim, após terem dançado, seus rostos se aproximam. Não importava nada além daquele momento. Em pouco tempo, eles selam o eterno, suas silhuetas se tornam uma.

domingo, 8 de agosto de 2010

Como Escrever

Oi. Eu não vou me apresentar porque você sabe quem eu sou.

Mas não sabe o meu atual estado.

Não, não, não, amigo! Eu não estou morto e mandando um mensagem do além túmulo. Um dia eu farei isso, mas esse dia não chegou (ainda). Eu estou cansado, com sono, com dor-de-barriga, enfim: quase-morto! E te digo uma coisa: eu estou no humor perfeito para escrever.

Porém, eu estou no presente momento em Canela. O que me lembra Natal. O que me lembra presentes. O que me lembra solidariedade. Logo, eu me empenhei muito e, com todas e cada fibra minha, até a exaustão total de meu corpo (a ponto de exauri-lo de forças), eu... catei no google algumas dicas de escritores famosos sobre como escrever. Aqui vão as mais interessantes:


1. Encare o computador/caderno/máquina-de-escrever até sua cabeça sangrar.

Essa é a fabulosa dica de Ernest Hemingway, autor de grandes livros como O Velho e o Mar (o único livro que teu pai leu na vida e ele quer porque quer que você leia) e Por Quem os Sinos Dobram (que rendeu uma excelente música do Metallica).

A real é que se você se concentrar e deixar a criatividade fluir, logo, logo terá alguma boa (ou quase boa) ideia para escrever. Funciona, acreditem.

Obs: Não se esforcem a ponto de terem um aneurisma.


2. Se puder apagar sem comprometer o sentido da frase, apague!

Sabe aquela palavrinha inútil que você só pôs pra encher linhas e completar logo as 25 linhas da redação que a sua professora gorda de português/redação insiste em usar pra te avaliar? Poisé, essa regra não se aplica a contos, crônicas e postagens na internet.

A dica vem de George Orwell, o cara que escreveu 1984 e A Revolução dos Bichos.

Note que a maioria das palavras "deletáveis" são advérbios. É claro que você pode usar advérbios, mas não abuse.

Ao invés de escrever: "Velozmente dirigiu-se ao quarto", procure escrever: "Correu para o quarto".


3. Seja você mesmo seu próprio leitor.

Segundo Neil Gaiman, autor de The Sandman, uma das coisas mais importantes é apreciar sua própria obra e ter confiança no que escreve. Leia seu texto como se o lesse pela primeira vez. Ria de suas próprias piadas.

E principalmente: o critique!


4. Se for fazer pesquisa de opinião, faça com quem você sabe que seu texto agradaria.

Mais uma dica do bom Gaiman.

Mostrar seu texto para amigos é uma coisa boa. Mas mostre apenas para aqueles que têm um gosto literário parecido com o seu. Além de serem mais honestos, eles vão saber julgar.

Mas cuidado, segundo o próprio Neil Gaiman, as pessoas lhe dirão que "parece que tem alguma coisa errada". Nesses casos geralmente tem alguma coisa errada, sim. Agora, se a disse exatamente o que está errado, a pessoa está querendo transformar seu texto em algo que ela costuma ler. Nesse caso, ignore o que ela acha ou apenas leve em consideração.


5. Não escreva por que você "tem" que escrever.

Não se sinta obrigado a escrever. Se você quer escrever e não consegue, siga a primeira dica.

Não se algeme à responsabilidade de escrever. E escreva sem estar sobre pressão. Escreva por que gosta. Algumas pessoas simplesmente gostam tanto de escrever que isso vira uma necessidade, o que pode muito bem ser uma coisa boa. O treino leva a perfeição.

Disse Isaac Asimov: "Eu escrevo pelo mesmo motivo que respiro - porque se não o fizesse, eu morreria."

Bom, eu acho que algumas pessoas levam isso a sério demais.


Enfim, era isso. Agora o sono me vence e eu preciso dormir no primeiro canto que eu achar. Espero ter ajudado a algum aspirante a escritor, como eu.