sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Estrela de Mil Luzes

Noite fria, hoje. No presente momento ele encara o espelho. Não é um espelho qualquer, é um espelho quebrado. Pequenos mil pedaços estavam devidamente encaixados, dando uma forma oval àquele que antes fora inteiro. Mas ele não refletia uma única imagem. Cada pedaço relfetia uma imagem diferente dele. Algumas do passado, outras do futuro. Todas, de certa forma, feias e desfiguradas. Nem todas dele, mas todas relevantes. Era um cosmos que se abraçava em um gentil, sutil enlace.

Há 10 anos atrás, ele se vê numa sala de aula. Uma garota, bonita até, deixa cair sua caneta. Ele gentilmente a junta do chão e a dá em sua mão. Ela começa a gostar dele. Eles conversam, mas um dia ela precisa se mudar e não mais se falam. Daqui a 60 anos, ela morre, casada, mas com aquele doce menino em sua mente.

A luz em si, se propaga em todas as direções a tal velocidade. Uma estrela que vemos, não está exatamente lá pois a luz que ela emite demora minutos para chegar em nossos olhos. É é assim que a estrela vive. Vive sabendo que tudo o que veremos dela é como ela foi e jamais como ela é. Era assim que ele se sentia em frente àquele espelho. Mil pedaços. Todas as direções.

Quando era pequeno, ele corre pela rua das cidades onde cresceu. Empina uma pipa bem no alto. Se distrai e tromba em um garoto da mesma idade dele. Viram grandes amigos. Daqui a um ano e meio, esse seu amigo vai encontrar a "garota de sua vida". Até lá, essa já vai ter sido a sétima. Essa garota irá conseguir tirar boa parte das coisas desse amigo quando se separarem. Ele não terá mais nada além do fato de poder recorrer ao seu amigo que empinava pipas. E ele não poderá ajudar. Assim, ele perde um amigo.

Uma dança acontece em frente ao espelho. Futuro, passado e presente e ele finalmente percebe a relatividade do tempo. Percebe que o tempo não é uma linha.

Em duas horas, uma amiga vai bater à sua porta. Irá pedir um ombro amigo. Em uma semana, o relacionamento deles evolui. Logo, ele se apaixonará por ela, e ela por ele. É um amor que dura. Infelizmente, no mundo real, o eterno tende a ser finito.

Encarando o espelho, ele se contenta com a sua olhadela no tempo. Ele se senta no sofá, não fala mais nada.

E espera a campainha tocar.

2 comentários:

  1. É Bean, o tempo é relativo. Uma semana, se bem aproveitada, pode parecer meses e blá blá. E assim como o eterno tende a ser finito, tudo tende a desordem! Então, aproveite cada momento intensamente e seja feliz!

    ResponderExcluir
  2. Muito tri o texto, perfeito! *-*
    Parabéns! :)

    ResponderExcluir