terça-feira, 26 de abril de 2011

Entropia Caótica Ordenada

Hoje eu fiz uma prova, e decidi contar pra vocês o momento mais importante da prova.

Mas antes, te pergunto: qual o momento mais importante da prova?

O momento que tu recebe e percebe o quão fácil/difícil/impossível será? O momento que você está fazendo a questão e percebe que erro você poderia ter cometido, mas, "ainda bem!", se tocou bem na hora? O momento que tu revisa e já sabe que nota vai tirar?

Não.

O momento mais importante acontece depois que você terminou a prova.

O momento mais importante, sem mais quaisquer delongas ééééééééé: o momento de abrir e fechar a porta, na hora da saída.

"Não acredito que perdi meu tempo/gastei meus olhos pra ler isso".

Aposto que nunca perceberam, mas numa loooonga trajetória de provas, e testes e exames, jamais perceberam o que vocês fazem no ato de abrir e fechar a porta.

Aquele ato, único e singular, pode dizer muitas coisas.

Pode-se medir o quão bem a criatura pensa que fui, com o que ela se importa e et cetera.

Temos do clássico ao novo, ao moderno. Dos sutis aos mais alarmantes.

Há a clássica olhada pro seu amigo, que retribui o olhar e, dependendo do grau de dificuldade da prova, lança um sorriso. Um sorriso sincronizado entre vocês dois. Ambos querem dizer apenas uma coisa: "me ferrei, mas não estou sozinho."

Há também a sutil, mas que nunca me escapa, a clássica "abrir porta, fechar porta, sem olhar pra trás". O sujeito está em outro nível. O sujeito está em um nível a mais. O sujeito passou do limite. Ele sabe o quanto tirou. Ele tem certeza. A única certeza que tem na sua vida foi o resultado dessa prova e pouca coisa importava além disso.

Bater a porta mostra apenas o quanto você se odeia.

Mas, uma das mais discretas, mais sutis é olhar pra quem você se importa. É uma experiência reveladora.

Mas o ponto inteiro disso, como você pode não-notar, é que pequenos detalhes falam alto.

São eles que, de natureza ordenada, mas aparentemente caótica, te influenciam, te movem de algum modo.

Vendedores aplicam uma técnica chamada "pé-na-porta" contigo. Sério.

Exemplo:

- Olá senhor, tudo bem com você?

- Sim, estou bem.

- O que o senhor procura?

Mera trivialidade, pra você. Pra você. Muitos vendedores, principalmente os de carros, são treinados para usa a técnica do "pé-na-porta". Sério, é assim que ela é chamada. Consiste em fazer você responder positivamente uma questão, o que te torna mais suscetível a responder as próximas questões da mesma maneira.

Pequenos detalhes estão escondidos em vários pequenos e discretos pedaços do seu cotidiano. Minúsculos pedaços de caos, que nada mais são que uma forma muito simples de ordem. Simples assim.

Minimalisticamente, simples assim.

E feche a porta ao sair.

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